A Organização
Mundial da Saúde convoca comitê emergencial e afirma que vírus representa
ameaça de "proporções alarmantes". Pesquisadores dos EUA alertam
sobre possível pandemia.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou nesta quinta-feira (28/01) que o vírus zika, que vem se espalhando rapidamente, pode infectar de 3 a 4 milhões de pessoas na América.
Ao
anunciar a previsão, Marcos Espinal – chefe de doenças transmissíveis da
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), braço da OMS no continente – não
definiu um período para a ocorrência dos casos.
A OMS
também anunciou a convocação de um comitê emergencial sobre o zika na próxima segunda-feira,
para decidir se o surto do vírus deve ser declarado uma emergência de saúde
internacional. A última emergência do tipo foi anunciada no contexto da
epidemia do ebola na África Ocidental, em 2014. A poliomielite havia recebido o
mesmo status no ano anterior.
Em
reunião, a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, afirmou que, apesar de não
haver provas definitivas de que o zika é responsável por um aumento no número
de casos de bebês com microcefalia no Brasil, há uma "forte suspeita"
da relação causal e, portanto, "o nível de alerta é extremamente
elevado".
"A
possível correlação [...] mudou rapidamente o padrão de risco do zika de uma
ameaça moderada para uma de proporções alarmantes", afirmou.
Alerta sobre possível pandemia
Em artigo
publicado nesta quinta-feira, pesquisadores dos EUA alertam sobre o potencial
"explosivo" de uma pandemia do vírus zika – com surtos na África, no
Sudeste Asiático, nas Ilhas do Pacífico e nas Américas.
"Desde
que o Brasil reportou a ocorrência do vírus zika, em maio de 2015, houve
infecções em ao menos 20 países das Américas", diz o artigo publicado na
revista científica The Journal of the American Medical Association. "As
espécies de mosquito Aedes que transmitem o vírus (assim como dengue,
chikungunya e febre amarela) ocorrem no mundo todo, o que significa um risco
elevado de transmissão global."
Os
autores do artigo – Daniel Lucey e Lawrence Gostin, da Universidade de Medicina
de Washington e po Instituto para Legislação Nacional e Global de Saúde, também
da capital americana – pedem que a Organização Mundial da Saúde (OMS) aprenda
com erros do passado para combater o zika.
Citando a
recente epidemia do ebola na África Ocidental, os pesquisadores afirmam que uma
"falha da agência em agir de forma decisiva" custou milhares de
vidas. Eles ressaltam que a OMS ainda não está "adotando uma posição de
liderança na pandemia do zika".
"As
dimensões globais do vírus são bastante claras, com nova urgência diante dos
Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro", alertam. "Enquanto o
Brasil, a OPAS e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA agiram
rapidamente, a OMS ainda não foi proativa, dadas as ramificações potencialmente
sérias."
Os
pesquisadores destacam que a diretora-geral da OMS foi criticada por esperar
quatro meses após a primeira transmissão transfronteiriça do ebola para
declarar uma emergência de saúde pública de dimensão internacional (PHEIC, na
sigla em inglês). "A comunidade internacional não pode esperar que a OMS
atue", dizem os especialistas.
França desaconselha viagens
Nesta
quinta-feira, após uma série de outros países fazerem o mesmo, a França pediu a
mulheres grávidas que não viajem aos territórios franceses na América do Sul e
no Caribe, incluindo a Guiana Francesa, devido ao zika.
"Esta
é uma epidemia séria que pode ter consequências neurológicas e complicações
para mulheres grávidas e causar malformações nos bebês", alertou a
ministra da Saúde, Marisol Touraine, na rádio France Info.
A
ministra afirmou que a França enviará equipes médicas para Martinica,
departamento ultramarino da França no Caribe, nos próximos dias para avaliar a
necessidade de hospitais e médicos.
O zika
foi reportado na África, na Ásia e no Pacífico antes de chegar à América. A OMS
prevê que o vírus atinja todos os países do continente, exceto Chile e Canadá.
Fonte: Terra
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