Empresa britânica criou mosquito geneticamente modificado que leva à morte do inseto.
Uma empresa britânica,
especializada em biologia sintética, criou um mosquito capaz de matar o Aedes
aegypti, o mosquito transmissor do vírus Zika, que se tornou o mais recente
problema de saúde pública no Brasil e que também circula na Colômbia, El
Salvador, Guiana Francesa, Guatemala, Haiti, Honduras, Martinica, México,
Panamá, Paraguai, Suriname, Venezuela e Porto Rico. Um estudo recente mostrou
que o vírus atravessa a placenta durante a gravidez. Um descoberta importante,
mas que ainda não traz certezas à suspeita dos especialistas: que o vírus está
relacionado com o aumento de casos de microcefalia.
O Aedes aegypti é
também o mosquito transmissor do dengue, da febre amarela e do chikungunya. Há
muito que o Brasil enfrenta graves problemas com o dengue por causa da picada
deste mosquito. Agora o alerta disparou por causa do vírus Zika, para o qual
não há tratamento. A melhor arma parece ser o "mosquito do bem", como
é apelidado no Brasil. A espécie é a mesma, mas alterada geneticamente pela
empresa Oxitec com um gene que produz uma proteína em grandes quantidades que
faz com que as larvas morram antes de chegar à idade de se transformarem em
mosquitos. A solução não passa pelo fim do vírus, mas sim pelo fim do
transmissor.
O "mosquito do
bem" - para a empresa é o Aedes aegypti OX513A - já está a ser testado no
Brasil, numa parceria entre a Oxitec e o governo da cidade de Piracicaba, um
município brasileiro do interior do estado de São Paulo, que esteve entre os
mais afetados pela epidemia de dengue no verão de 2014/2015. Na experiência,
que arrancou em abril do ano passado, foram libertados 800 mil mosquitos machos
modificados geneticamente, que carregam a proteína que faz as larvas morrer e
que não picam as pessoas. A população de Aedes aegypti diminuiu 82%, refere a
Agência Brasil.
Em comunicado, a
empresa diz que os "projetos realizados no Brasil, no Panamá e nas Ilhas
Cayman mostraram uma diminuição na população de Aedes aegypti acima dos 92%,
incluindo uma redução de 99% no bairro de Mandacaru, na cidade de Juazeiro (Bahia,
Brasil)". A empresa, que tem um laboratório de produção de "mosquitos
do bem" no interior do Estado de S. Paulo, anunciou que está disponível
para aumentar a produção para outras regiões que o queiram usar para acabar com
a população de mosquitos e assim reduzir o risco de transmissão do vírus Zika,
dengue, febre amarela e chikungunya.
"Nos próximos anos
faremos um investimento da ordem dos milhões de reais no novo laboratório de
"Aedes aegypti do bem", que tem capacidade prevista para proteger
mais de 300 mil pessoas", disse o diretor da Oxitec do Brasil, Glen Slade.
Em agosto e setembro o
Rio de Janeiro recebe os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, respetivamente, o que
traz preocupações acrescidas às autoridades de saúde. Caso a epidemia cresça,
não só no Continente Americano como no Pacífico Sul, o risco de importação de
casos aumenta. Portugal teve, até ao momento quatro diagnósticos positivos de
pessoas que vieram do Brasil.
Vírus na placenta
A questão mais
preocupante associada ao vírus Zika é a suspeita de pode estar associado a um
aumento de casos de microcefalia (desenvolvimento incompleto do cérebro) em
fetos e recém-nascidos de mães que foram possivelmente expostas ao vírus Zika
nos dois primeiros trimestres da gravidez e de síndrome de Guillain-Barré
(doença autoimune em que o sistema imunológico do corpo ataca parte do próprio
sistema nervoso). O último balanço divulgado no dia 12 de janeiro pelo
Ministério da Saúde do Brasil revelou 3530 casos suspeitos de microcefalia. O
boletim também confirmou a morte de dois recém-nascidos e dois abortos no Rio
Grande do Norte.
Na quarta-feira um
estudo realizado por cientistas brasileiros do Instituto Carlos Chagas, da
Fiocruz, e da Pontifícia Universidade Católica Paraná confirmou que o vírus
Zika consegue ultrapassar a placenta durante a gestação. O estudo é revelador
porque detetou o Zika na placenta de grávidas infetadas, após a análise da
amostra de uma gestante da região Nordeste, cujo feto deixou de se desenvolver
dentro do útero no primeiro trimestre de gravidez. "A paciente relatou
sintomas clínicos que indicavam infeção pelo vírus Zika no início da gravidez e
sofreu o aborto na oitava semana", explicou Cláudia Nunes Duarte dos
Santos, virologista da Fiocruz.
A investigadora disse
que embora ainda não seja possível relacionar esta descoberta com os casos de
microcefalia e outras alterações congênitas, o resultado confirma de modo inequívoco a transmissão intrauterina do vírus.
Transmissão intra-uterina
- A Paciente
O laboratório recebeu amostras da placenta de uma paciente do Nordeste que sofreu um aborto na 8º semana de gestação após relatar sintomas de Zika.
- Exames
Foram feitos exames que constataram a infecção por flavivírus ( gênero que inclui vírus de doenças que inclui dengue, febre amarela e zika )
- Na Plascenta
Exames de diagnostico molecular identificaram a presença do genoma do genoma do vírus zika na placenta. Outro teste mostrou inflamação da placenta, o que indica que o vírus rompeu essa barreira
- Células
O vírus foi localizado nas células de Hofbauer, que atuam na manutenção da placenta e na defesa do Bebê. Essas células podem carregar o vírus, agindo como um cavalo de troia.
Fonte: Diário de Notícias
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