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quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Parecer da OMS Sobre a Febre Amarela




Fatos essenciais
   Uma pequena percentagem de doentes que contraem o vírus revelam sintomas graves e cerca de metade deles morrem no prazo de 7 a 10 dias.
Este vírus é endêmico nas zonas tropicais da África e na América Central e do Sul.
Desde o lançamento da Iniciativa contra a Febre Amarela, em 2006, foram realizados progressos significativos no combate a esta doença na África Ocidental e mais de 105 milhões de pessoas foram vacinadas em campanhas de vacinação em massa. Em 2015, não foram notificados surtos de febre amarela na África Ocidental.
As grandes epidemias ocorrem quando pessoas infectadas introduzem o vírus em zonas densamente povoadas, com elevada densidade de mosquitos e onde a maioria das pessoas tem pouca ou nenhuma imunidade, por não estarem vacinadas. Nestas condições, os mosquitos infectados transmitem o vírus de pessoa para pessoa.
A febre amarela é evitada por uma vacina extremamente eficaz, que é segura e economicamente acessível. Uma dose única da vacina da febre amarela é suficiente para conferir uma imunidade sustentada e uma proteção para toda a vida contra esta doença, não sendo necessária uma dose de reforço desta vacina. Esta vacina fornece uma imunidade eficaz no prazo de 30 dias a 99% das pessoas vacinadas.
Um bom tratamento de apoio nos hospitais melhora as taxas de sobrevivência. Não há atualmente nenhum medicamento antiviral específico contra a febre amarela.

Sinais e sintomas
Uma vez contraído, o vírus da febre amarela mantém-se em incubação no corpo durante 3 a 6 dias. Muitas pessoas não apresentam sintomas, mas quando estes ocorrem, os mais comuns são febre, dores musculares, sobretudo nas costas, dores de cabeça, perda de apetite, náuseas ou vômitos. Na maioria dos casos, os sintomas desaparecem após 3 ou 4 dias.
No entanto, uma baixa percentagem de doentes entra numa segunda fase mais tóxica no espaço de 24 horas, após a recuperação dos sintomas iniciais. Voltam às febres altas e são infectados vários órgãos, normalmente o fígado e os rins. Nesta fase, é provável que as pessoas desenvolvam icterícia (amarelecimento da pele e dos olhos, daí o nome “febre amarela”), urina escura e dores abdominais com vômitos. Pode ocorrer sangramento da boca, nariz, olhos ou estômago. Metade dos doentes que entram na fase tóxica morrem no período de 7 - 10 dias.
A febre amarela é difícil de diagnosticar, especialmente durante a fase precoce. A doença mais grave pode ser confundida com paludismo grave, leptospirose, hepatite viral (especialmente nas formas fulminantes), outras febres hemorrágicas, infecções com outros flavivírus (e.g., febre hemorrágica do dengue) e envenenamento.
Os testes de sangue (RT-PCR) podem, por vezes, detectar o vírus na fase precoce da doença. Nas fases mais tardias da doença, é necessário fazer o teste para identificar anticorpos (ELISA e PRNT).

Populações de risco
Quarenta e sete países da África (34) e da América Central e do Sul (13) ou são endêmicos ou têm zonas de febre amarela endêmica. Um estudo de modelação, baseado em fontes de dados africanas, estimou que o fardo da febre amarela durante 2013 foi de 84 000–170 000 casos graves e 29 000–60 000 mortes.
Ocasionalmente, os viajantes que visitam países com febre amarela endêmica podem trazer a doença para países livres de febre amarela. A fim de evitar esta importação da doença, muitos países exigem uma prova da vacinação contra a febre amarela, antes de passarem um visto, particularmente se os viajantes são provenientes ou visitaram zonas de febre amarela endêmica.
Nos séculos anteriores (séc. XVII a XIX), a febre amarela foi trazida para a América do Norte e Europa, causando enormes surtos que destruíram as economias e o desenvolvimento, tendo, em certos casos, dizimado as populações.

Transmissão

O vírus da febre amarela é um arbovírus do gênero flavivírus e é transmitido pelos mosquitos pertencentes às espécies Aedes e Haemogogus. As diferentes espécies de mosquitos vivem em habitats diferentes – alguns vivem em torno as casas (domésticos), outros na selva (selvagens) e alguns em ambos os habitats (semi-domésticos). Há 3 tipos de ciclos de transmissão:
Febre amarela selvática (ou da selva): nas florestas tropicais, os macacos, que são o principal reservatório da febre amarela, são mordidos por mosquitos selvagens que passam o vírus para outros macacos. Ocasionalmente, os humanos que trabalham ou viajam pela floresta são mordidos por mosquitos e contraem a febre amarela.
Febre amarela intermédia: neste tipo de transmissão, os mosquitos semi-domésticos (os que proliferam tanto na selva como junto das casas) infectam tanto os macacos como as pessoas. O maior contacto entre as pessoas e os mosquitos infectados gera uma maior transmissão e muitas aldeias separadas numa determinada zona podem desenvolver surtos em simultâneo. Este é o tipo mais comum de surtos em África.
Febre amarela urbana: as grandes epidemias ocorrem quando pessoas infectadas introduzem o vírus em zonas densamente povoadas, com elevada densidade de mosquitos, e onde a maioria das pessoas tem pouca ou nenhuma imunidade, por não estarem vacinadas. Nestas condições, os mosquitos infectados transmitem o vírus de pessoa para pessoa.

Tratamento
Um tratamento correto e de apoio nos hospitais melhora as taxas de sobrevivência. Presentemente, não existe um medicamento antiviral específico para a febre amarela, mas há cuidados específicos para tratar a desidratação, a insuficiência hepática e renal e a febre, que melhoram os resultados. As infecções bacterianas associadas podem ser tratadas com antibióticos.

Prevenção
1. Vacinação
A vacinação é o meio mais importante para evitar a febre amarela. Nas zonas de alto risco, onde a cobertura vacinal é baixa, o reconhecimento e o controlo rápido dos surtos, usando a vacinação em massa, é fundamental para evitar as epidemias. É importante vacinar a maioria (80 % ou mais) da população de risco, para evitar a transmissão numa região com um surto de febre amarela.
São usadas várias estratégias de vacinação para proteger as pessoas contra os surtos: vacinação infantil de rotina; campanhas de vacinação em massa destinadas a aumentar a cobertura nos países de risco; e vacinação das pessoas que viajam para zonas de febre amarela endémica.
A vacina da febre amarela é segura e comportável e uma dose única confere proteção para toda a vida contra a doença, não sendo necessária uma dose de reforço.
São raros os relatos de efeitos secundários graves da vacina da febre amarela. As taxas de eventos adversos graves depois da vacinação (AEFI), quando a vacina ataca o fígado, rins ou sistema nervoso, obrigando a hospitalização, estão entre 0,4 e 0,8 por 100 000 pessoas vacinadas.
O risco é maior para as pessoas com mais de 60 anos de idade e para quem tiver imunodeficiência grave devida a HIV/AIDS sintomática ou outras causas, ou com problemas do timo. As pessoas com mais de 60 anos de idade devem receber a vacina após cuidadosa avaliação da relação risco-benefício.
As pessoas normalmente excluídas da vacina incluem:

Bebes com menos de 9 meses, exceto durante uma epidemia, situação em que os bebes entre 6-9 meses, em zonas onde o risco de infecção é elevado, também devem ser vacinados;    
Mulheres grávidas – exceto durante um surto de febre amarela, quando o risco de infecção é elevado;
Pessoas com alergias graves à proteína do ovo; e Pessoas com imunodeficiência grave por HIV/AIDS sintomática ou outras causas ou que tenham um problema de timo.

De acordo com o Regulamento Sanitário Internacional (RSI), os países têm o direito de pedir aos viajantes que apresentem um certificado de vacinação contra a febre amarela. Se existirem razões médicas para não ser vacinado, isso terá de ser certificado pelas autoridades competentes. O RSI é um quadro legalmente vinculativo para travar a propagação de doenças infecciosas e outras ameaças para a saúde. Exigir aos viajantes um certificado de vacinação depende do critério de cada Estado Parte e nem todos os países atualmente o exigem.

2. Controle dos mosquitos

O risco de transmissão da febre amarela nas zonas urbanas pode ser reduzido, eliminando os potenciais locais de reprodução dos mosquitos, através da aplicação de larvicidas aos reservatórios de água e outros locais onde exista água estagnada. A pulverização de inseticidas para matar os mosquitos adultos durante epidemias urbanas pode ajudar a reduzir o número de mosquitos, reduzindo assim também as potenciais fontes de transmissão da febre amarela.
Historicamente, as campanhas de controlo dos mosquitos conseguiram eliminar o Aedes aegypti, o vector da febre amarela urbana, da maior parte das regiões da América Central e do Sul. Contudo, o Aedes aegypti recolonizou zonas urbanas na região, renovando o risco de febre amarela urbana. Os programas de controlo dos mosquitos visando os mosquitos selvagens nas zonas florestais não têm efeito prático na prevenção a transmissão da febre amarela das florestas (ou selvática).

3. Preparação e resposta às epidemias

A detecção imediata e a rápida resposta à febre amarela, através de campanhas de vacinação de emergência, são essenciais para controlar os surtos. No entanto, a subnotificação constitui uma preocupação – o verdadeiro número de casos está estimado em 10 a 250 vezes a notificação atual.
A OMS recomenda que todos os países de risco tenham, pelo menos, um laboratório nacional onde se possam fazer análises de sangue básicas para a febre amarela. Um caso de febre amarela laboratorialmente confirmado numa população não vacinada é considerado um surto. Um caso confirmado em qualquer contexto deve ser exaustivamente investigado, particularmente numa zona onde a maior parte da população tenha sido vacinada. As equipas de investigação devem avaliar e responder ao surto com medidas de emergência e planos de vacinação a mais longo prazo.

Resposta da OMS
A OMS é o Secretariado do Grupo de Coordenação Internacional do Fornecimento de Vacinas contra a Febre Amarela (GCI). O GCI mantém uma reserva de emergência de vacinas da febre amarela, para garantir uma rápida resposta aos surtos nos países de alto risco.
Em 2006, foi lançada a Iniciativa da Febre Amarela, para garantir uma reserva mundial de vacinas e garantir a imunidade da população através da vacinação. A Iniciativa, liderada pela OMS e apoiada pela UNICEF e os governos nacionais, dedica um atenção especial aos países altamente endêmicos de África, onde a doença é mais proeminente. Desde que a Iniciativa foi lançada, fizeram-se consideráveis progressos na África Ocidental, para controlar a doença. Mais de 105 milhões de pessoas foram vacinadas e não foram notificados quaisquer surtos de febre amarela na África Ocidental, durante o ano de 2015.
A Iniciativa recomenda a inclusão da vacina da febre amarela na vacinação infantil de rotina (começando aos 9 meses de idade), implementando campanhas de vacinação em massa nas zonas de alto risco, para todas as pessoas com 9 meses ou mais, e a manutenção das capacidades para a vigilância e resposta aos surtos.
Entre 2007 e 2016, 14 países levaram a cabo campanhas preventivas de vacinação contra a febre amarela. A Iniciativa da Febre Amarela é apoiada financeiramente pela Aliança Mundial para as Vacinas e a Vacinação (Aliança GAVI), os Serviços de Ajuda Humanitária da Comunidade Europeia (ECHO), o Fundo Central de Resposta às Emergências (CERF), ministérios da saúde e parceiros a nível nacional.


Fonte: OMS 

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