A descoberta reduzirá o tempo de produção dos analgésicos de um ano para três ou cinco dias.
Cientistas da
Universidade de Stanford descobriram um método para alterar geneticamente o
fermento e produzir com mais rapidez os ingredientes ativos dos analgésicos
opiáceos, informou nesta quinta-feira a revista "Science".
A descoberta reduzirá o tempo de produção dos analgésicos de um ano para três ou cinco dias,
o que permitirá desenvolver a menor custo uma ampla gama de ingredientes dos
medicamentos produzidos a base de plantas, segundo destaca o estudo divulgado pela
publicação científica.
Após uma década de
trabalho, os cientistas da universidade californiana descobriram como
reprogramar a composição genética do fermento de pão para que as células de
rápido crescimento desta substância transformem o açúcar em hidrocodona, um
opioide derivado da codeína que é utilizado como analgésico.
Segundo os
pesquisadores de Stanford, a hidrocodona pode demorar mais de um ano para ser
cultivada nas fazendas da Austrália, da Europa e em outros lugares que têm
licença para obter o ópio, a partir do qual é produzida a substância.
Uma vez colhida uma
quantidade suficiente para produzir um lote, o material vegetal é enviado a
fábricas farmacêuticas nos Estados Unidos, onde as moléculas são extraídas e
refinadas para que possam ser utilizadas como remédios. "Quando começamos
a trabalhar, há dez anos, muitos especialistas pensaram que seria impossível
desenvolver fermentos que substituíssem o processo de produção que começa
nessas fazendas e chega às fábricas", declarou Christina Smolke,
professora associada de Bioengenharia em Stanford e autora principal do estudo.
Segundo ela,
"isso é só o começo, pois as técnicas desenvolvidas para os analgésicos
opioides podem ser adaptadas para a produção de muitos compostos derivados de
plantas destinados a combater o câncer, doenças infecciosas ou doenças crônicas
como a hipertensão arterial e a artrites". Apesar da descoberta, os
cientistas reconhecem que uma aceleração da produção dos analgésicos opioides e
um maior acesso da população a esses remédios poderia aumentar os abusos.
"Precisamos nos assegurar que a produção de remédios de base biológica
seja feita da forma mais responsável possível", reconheceu a cientista,
que considerou essencial um desenvolvimento equilibrado dos analgésicos para
evitar abusos e facilitar o acesso aos que precisam.
Smolke destacou que nos EUA seria preciso
tentar evitar o mau uso dos analgésicos opioides, que estão amplamente
disponíveis e que podem chegar a ser fortemente viciantes se tomados de forma
descontrolada. No entanto, 5,5 bilhões de pessoas (83% da população mundial) vivem
em países com um baixo ou inexistente acesso aos remédios destinados a aliviar
a dor, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Fonte: R7
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