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sexta-feira, 26 de maio de 2017

Novo Antibiótico é Descoberto 30 Anos Após Última Grande Classe


Estudos em camundongos mostraram Eficácia Contra tipos de Bactérias Resistentes






    
BOSTON - Quase três décadas após o desenvolvimento da última classe de antibióticos, uma descoberta de cientistas americanos pode quebrar este período de seca. Apontado como “divisor de águas” e “muito promissor”, o estudo publicado na revista científica “Nature” apresenta um método que já levou à criação de 25 antibióticos em teste, sendo o último deles visto como o mais promissor.
O auge da descoberta de antibióticos ocorreu entre 1950 e 1960. E desde 1987 não há novas fórmulas disponíveis. Nesse período, os micro-organismos se tornaram incrivelmente resistentes aos medicamentos. Apenas nos EUA, cerca de 23 mil pessoas morrem anualmente por conta das bactérias super-resistentes. No Brasil, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem um boletim que registrou quase dez mil casos de bactérias resistentes a remédios nas UTIs do país em 2012.

SOLO É FONTE DE ANTIBITÓTICOS
Os pesquisadores da Universidade de Northeastern, em Boston, desvendaram o mistério na principal fonte de micro-organismos do planeta e fonte da maioria dos antibióticos: o solo. Embora ele esteja repleto de seres vivos, apenas 1% deles sobrevive em laboratório. Os cientistas, então, criaram um “hotel subterrâneo” para as bactérias, em que elas foram enterradas no solo, mas em estruturas especiais de laboratório. Com isso, substâncias químicas produzidas naturalmente pelos micróbios puderam ser testadas.
— Até agora 25 compostos foram descobertos usando este método, e o último, o teixobactin, foi o mais promissor — afirmou à BBC o autor principal do estudo, Kim Lewis. — Esta é uma importante fonte de novos antimicrobianos e vai nos ajudar muito a reconstruir o campo de descoberta dos antibióticos.
Testes com o teixobactin mostraram que ele era tóxico à bactéria, mas não aos tecidos de mamíferos, e era capaz de eliminar uma quantidade mortal de MRSA (Staphylococcus Aureus Resistente à Meticilina — uma bactéria resistente a antibióticos) em camundongos. Os pesquisadores também acreditam que as bactérias não são suscetíveis de desenvolver resistência ao teixobactin, cujo alvo é a gordura essencial para a manutenção da parece celular da bactéria.
— Ele tem vários truques diferentes que minimizam o desenvolvimento de resistência — acrescentou Lewis.
O composto ainda precisa ser testado em humanos para comprovar sua eficácia. Apesar do mecanismo diferente, mesmo assim, seria difícil prever se os micro-organismos conseguiriam adquirir resistência também a esta possível nova classe de antibióticos nas próximas décadas. Além disso, ele já apresenta algumas limitações: funciona apenas nas bactérias Gram-positivas, que incluem a MRSA e a Mycobacterium tuberculosis (MTB). Ela não consegue penetrar à camada extra de proteção das Gram-negativas, como a Escherichia Coli (E. Coli).

Fonte: O Globo

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